sábado, 3 de março de 2012

O Mito da Caverna - Conceição Trucom

Para que a vida seja bem vivida, ela precisa ser percebida, ou seja, precisamos ter consciência corporal e estar verdadeiramente presentes no nosso corpo. Temos de filtrar a informação externa para priorizar e resgatar a informação interna, que vem do nosso corpo, do nosso coração e da nossa mente. Em plena era da informação, quando as exigências de atualização são cada vez maiores, é mais sábio e prudente preparar nosso cérebro e mente para assimilar e compreender a enorme quantidade de informação disponível no mundo.

Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe - Oscar Wilde.

Para viver, é preciso estar no mundo real dos fatos, no aqui e agora, e perceber o momento presente. É preciso que estejamos atentos ao que dizem nosso corpo, nossa mente e nosso coração diante de cada situação a nossa volta. Se o que eles nos dizem causa uma sensação integrada de superação, alegria e paz, podemos ser felizes: simples... mente felizes! Mas se a mente passar para o coração e para o corpo somente ilusões visuais e sensórias, não poderemos ser felizes, porque estaremos nos distanciando do real, dos fatos, das oportunidades de mais consciência e luz. É da natureza humana se deixar conduzir pelo inconsciente coletivo e pelas cargas culturais e genéticas. Desse modo, damos enorme espaço para emoções e sentimentos que exaurem as energias e impedem as realizações individuais. O mais sábio que podemos fazer para reverter esse estado 'robótico' da humanidade, narrado e constatado por tantos filósofos (e por nós mesmos), é mantermos em estado de alerta as nossas múltiplas percepções e inteligências latentes, para, assim, sairmos da caverna e permanecermos felizes fora dela.

O mito da caverna
Este mito, narrado por Platão no livro VII da República (aprox. 399 a.C.) coloca em evidência o problema filosófico que se apresenta quando pensamos em aparência (ilusão) e realidade. Trata-se de uma alegoria sobre a predileção humana pelo que está envolto em névoa, pelo caminho que evita a mudança e o novo a todo custo, e se satisfaz com a ilusão das zonas de conforto. O propósito de Platão foi registrar o fato de que a maioria das pessoas (faz 2500 anos) vive com um véu sobre os olhos, o que lhes dá apenas uma noção distorcida de si mesmas e do mundo. Imagine um grupo de indivíduos acorrentados em uma caverna escura, iluminada apenas por uma grande fogueira atrás deles. Esses homens da caverna podem enxergar apenas sombras de si mesmos e outras imagens tremeluzindo nas paredes diante dos seus olhos. Essa é a realidade deles.

A maioria deles é desprovida de imaginação; outros são indiferentes e simplesmente aceitam essa realidade sem especulação. As mentes questionadoras observam os padrões mais claros e tentam entender seu mundo. Ainda assim, a verdade os ilude: meras sombras. Um dos prisioneiros consegue se libertar das correntes e escapa da caverna. Emergindo para a luz do dia, esse fugitivo é cegado pela luz e pode ver somente uma representação imperfeita da realidade. Com o tempo, esse indivíduo acostuma seus sentidos com o novo ambiente e vê as coisas mais claramente: a paisagem, o céu e a iluminação do sol. Mais que isso, a sua liberdade natural.

Essa alma recém-iluminada um dia volta à caverna e tenta espalhar a notícia do novo mundo que existe além dos confins da caverna. Qual será a resposta dos habitantes da caverna? Eles corajosamente irão até onde esse indivíduo foi e realizarão a árdua, porém compensadora viagem para fora da escuridão e em direção à luz?
De acordo com Platão, não. Eles estariam mais propensos a matar o que se permitiu enxergar a luz, porque ele é uma ameaça ao estado das coisas já estabelecido.

Sobre a autora: Conceição Trucom é química, cientista, palestrante e escritora sobre temas voltados para a alimentação natural, bem-estar e qualidade de vida. É autora do livro Mente e Cérebro Poderosos, onde aborda os estados robóticos em que vivemos e como sair definitivamente da caverna.


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